A norma ABNT NBR 16886:2020 estabelece critérios padronizados para a coleta e preparação de amostras de concreto fresco, assegurando a representatividade e confiabilidade dos ensaios posteriores. A correta amostragem é fundamental, pois o desempenho do concreto no estado endurecido depende da qualidade da mistura no momento da coleta.
Ela é frequentemente complementada por outras normas, como a NBR 16889 (Consistência – Abatimento do tronco de cone)e aNBR 16887 (Teor de ar em concreto fresco – método pressométrico). Inclusive, a NBR?16889 faz referência direta à 16886 para assegurar a representatividade da amostra.
Por que isso é importante?
Se a coleta for feita de forma errada, os ensaios vão mostrar dados distorcidos — e isso pode levar a decisões erradas, retrabalhos e até falhas estruturais. Portanto, seguir esta norma garante que os testes realizados em concreto fresco sejam baseados em amostras representativas e, por conseguinte, se obtenha resultados confiáveis e possibilitando a execução da obra em conformidade com projetos e especificações técnicas.
A norma define:
- Amostras devem ser obtidas aleatoriamente
- Onde fazer a coleta (em que parte do caminhão, caçamba ou bomba)
- Quanto coletar: 1,5 vez a quantidade necessária para realização dos ensaios, com limite mínimo de 30 litros
- Como homogeneizar a amostra
- E como registrar tudo (data, responsável, local, etc.)
A depender do local da coleta, seja caminhão-betoneira, betoneiras estacionárias ou ainda em caminhões abertos ou caçambas, a NBR estabelece algumas especificidades que devem ser atendidas. Por exemplo, no caso de caminhões-betoneira, ensaios de abatimento devem ter sua amostra retirada após descarga dos primeiros 50 L de material. Já para moldagem dos corpos de prova, deve-se coletar material após os 15% e antes dos 85% do volume total do concreto ser descarregado.
A coleta é o primeiro passo do controle tecnológico do concreto. E quando feita com critério, ela garante segurança e qualidade para toda a estrutura.
A etapa seguinte à coleta do concreto e preparação das amostrasé a realização e interpretação dos ensaios — fase tão crítica quanto a amostragem.
Não basta coletar bem. É preciso saber o que os números querem dizer.
Depois da coleta e dos ensaios do concreto fresco (como abatimento, resistência à compressão, incorporação de ar, entre outros), vem a etapa mais estratégica: a interpretação dos resultados.
É aí que a análise técnica entra. Um resultado dentro dos limites normativos pode esconder falhas, se o ensaio foi mal conduzido ou a amostra da coleta não era representativa.
Alguns pontos que influenciam a leitura dos ensaios:
- Tempo entre coleta e ensaio
- Homogeneização da amostra
- Condições de transporte
- Desvios no preparo dos corpos de prova
Decisões de obra, liberação de concreto, ajustes na mistura e muito mais dependem de como os resultados são analisados.
Um número fora do esperado nem sempre significa problema — mas pode indicar uma tendência. E identificar isso cedo é o que evita problemas no futuro.