A argamassa é um material essencial na construção civil, composta por aglomerantes (como cimento ou cal), agregados miúdos (areia) e água. Sua principal característica é a plasticidade no estado fresco e a resistência após a cura, o que a torna ideal para diversas aplicações. Entre suas funções estão o assentamento de blocos e tijolos, a regularização e revestimento de superfícies e a adesão de revestimentos cerâmicos, além de contribuir para a impermeabilização e proteção das estruturas contra agentes externos.
Essas aplicações garantem estabilidade, durabilidade, segurança e um acabamento estético adequado às edificações. A escolha correta do tipo de argamassa e sua aplicação adequada são determinantes para o desempenho da obra.
Para assegurar a qualidade desses processos, a NBR 7200 estabelece diretrizes técnicas para a execução de revestimentos com argamassas inorgânicas em paredes e tetos. Essa norma é fundamental para garantir padrões de desempenho, durabilidade e segurança, além de prevenir falhas como fissuras e descolamentos, contribuindo para a longevidade e eficiência das construções.
ASPECTOS INICIAIS
A NBR 7200, logo em sua introdução, reconhece que execução de revestimento é a principal causa de patologias observadas posteriormente. Isso, por si só, mais que justifica uma normativa que estabeleça padrões e critérios para execução desta etapa das construções.
A norma estabelece informações mínimas que devem constar no projetos e programas de execução, como tipo s e parâmetros de definição dos traços a serem utilizados, número de camadas bem como espessura de cada camada, além do acabamento superficial e revestimento decorativo.
Antes de se efetuar o preparo da argamassa, a NBR 7200 elenca alguns cuidados que devem ser tomados com relação ao que a norma define como verificações preliminares, como por exemplo a verificação das condições da base que receberá o material.
Limpeza e armazenamento dos materiais, tais como água, agregados e aditivos também merecem atenção especial para obtenção de resultado final satisfatório.
PRODUÇÃO DA ARGAMASSA
O preparo das argamassas envolve três etapas principais: definição da composição, medição dos materiais e preparo da mistura. O traço da argamassa deve ser definido pelo projetista ou construtor conforme o projeto, sendo expresso em massa, com controle do consumo registrado em planilhas.
A medição dos materiais, de acordo com a NBR 7200, pode ser feita em volume, desde que seja utilizada uma conversão precisa e recipientes padronizados, de volume conhecido e identificados visualmente. Instrumentos não padronizados, como pás ou latas, não devem ser usados.
Após a medição, a mistura deve ser feita preferencialmente por processo mecanizado, com tempo de 3 a 5 minutos. O preparo manual só é permitido em casos especiais, com volumes menores que 0,05 m³. Em argamassas mistas, o cimento deve ser adicionado apenas no momento da aplicação, respeitando o tempo de maturação da cal. Argamassas industrializadas devem seguir as instruções do fabricante.
Outro aspecto levantado pela norma é sobre prazo de uso da argamassa, que deve ocorrer em até 2h30, ou 1h30 em climas quentes e secos, podendo haver variações com o uso de aditivos retardadores conforme orientações técnicas.
PREPARAÇÃO DA BASE
O oitavo capítulo da NBR 7200 diz respeito à preparação da base. Nesse sentido, alguns cuidados iniciais devem ser tomados, como atendimento ás exigências de planeza, prumo e nivelamento. Deve-se prestar atenção ainda para garantir que não haja infiltrações antes de continuar com demais preparativos da base.
Cabe destacar que esta parte da norma contempla seguintes tipos de base de revestimento: concreto, tijolo e bloco cerâmico, bloco de concreto e de concreto celular e por fim bloco sílico-calcário.
É importante assegurar que a base seja regular, de modo a permitir que a argamassa possa ser aplicada com espessura uniforma. Portanto, eventuais irregularidades devem ser corrigidas – a norma estipula como tais correções devem ser feitas.
Outro aspecto presente na NBR 7200 é sobre a limpeza da base. Deve-se certificar que a base, antes da aplicação da argamassa, esteja sem sujeiras como pó e materiais soltos, óleos, graxas ou qualquer material gorduroso, assim como remover eflorescências, bolor e fungos. Mais uma vez, a norma estabelece procedimentos de como fazer correta limpeza para cada caso.
APLICAÇÃO
O Capítulo 9 da NBR 7200 trata da aplicação da argamassa de revestimento, estabelecendo os procedimentos para garantir qualidade e durabilidade. A execução só deve começar após o atendimento aos requisitos prévios da norma, incluindo o preparo adequado da base. É necessário umedecer a superfície antes de cada nova camada, respeitando as condições climáticas: não se deve aplicar abaixo de 5?°C e, acima de 30?°C, recomenda-se manter o revestimento úmido nas primeiras 24 horas.
Na aplicação do emboço ou de camada única, utilizam-se taliscas para marcar o plano e, após o preenchimento com argamassa, realiza-se o sarrafeamento para nivelar a superfície. Caso haja depressões, aplica-se mais argamassa até obter planicidade. Para o reboco, os mesmos cuidados são exigidos, garantindo espessura e acabamento conforme a NBR 13749. A norma assegura, assim, um revestimento bem executado, resistente e esteticamente adequado.
ACABAMENTOS
Já os acabamentos de superfície elencados são: sarrafeado, desempenado, camurçado, raspado, lavado, chapiscado e imitação travertino. Para cada umas destas opções a norma aponta breves diretrizes de como executar corretamente.
Da mesma forma, são feitas algumas considerações para a execução correta dos seguintes tipos de detalhes construtivos: arestas, pingadeira, juntas, riscos e sulcos.
Após isso, a norma termina com dois tipos de anexos, no qual se destaca o anexo B com modelos de planilhas para acompanhamento do serviço de revestimento de argamassa.
Seguir a NBR 7200 é garantir qualidade, segurança e durabilidade nos revestimentos — porque na construção, cada detalhe importa
Seguir corretamente as diretrizes da NBR 7200 não é apenas uma exigência técnica, mas uma prática que assegura qualidade, segurança e durabilidade aos revestimentos de argamassa. Ao adotar os cuidados indicados em cada etapa — desde a preparação da base até os acabamentos finais —, é possível reduzir falhas, prevenir patologias e garantir que a obra entregue um desempenho adequado ao longo do tempo. Assim, aplicar a norma é investir na valorização do projeto, na eficiência construtiva e na confiança dos usuários em cada detalhe da edificação.